O Existir é o Nada Composto
O existir é o nada composto
A eternidade é o nada simples
II
O que recebo pelos sentidos não encontro
no reflexo
No sentido imediato...
III
Estou preso ao passado
Nada Flui
O rio congelou
A redoma é eterna
Num amanhecer lúgubre
III
A catadupa silenciou
Como o pássaro sem primavera
Como a loucura bêbada
Como a veneta tóxica
IV
Não existe mais o céu
As estrelas conspiraram
O sol dormiu nas mutações de Morpheu
Tudo agora é um breu fétido
V
Fiquei perdido nos pântanos de Dante
O último cometa se aproximou
Profecias de Nostradamus
VI
As sagradas escrituras revelam o apocalipse
Na ceia um prato de lentilhas
&
A cabeça de São João Batista
em bandeja de Prata
VII
Em nome da rosa - O segredo
As gazuas soltaram os demônios
Dou os últimos suspiros
Aves de mau agouro gorjeiam:
Idus Martiae... Idus Martiae... Idus Martiae..
VII
O metal bruto atravessa meu manto romano
O sangue derrama todas as misérias
No leito da última e terrível noite...
Em breve brindarei com absinto
Taças de cristais, Baudelaire, Rimbaud
& porque não?
O diabo...
O DRINK DE SATÃ
Uma garrafa de vinho vagabundo, uma garrafa de guaraná e gelo a vontade - ou como chamo: Drink de Satã. A ressaca é certa, provavelmente, não levantarei pela manhã. Tomarei ácido acetilsalicílico para amenizar a revolução figadal. Contudo, somando, diminuindo, equacionando, com todas propriedades fundamentais, o saldo é positivo. O resultado é uma felicidade existencial possível, fugaz, mas que permite o pensamento desviar do Thanatos. A felicidade existencial efêmera se diferencia da felicidade das ovelhas massificadas e imitadoras que seguem o padrão ditado pelo mercado, pela religião. Consumir e orar a isto se resume o homem padrão capitalista. Consumir por consumir e esquecer Thanatos. Orar para esquecer o pecado de consumir por consumir - Eis um circulo vicioso que não tem fim. O paraíso jamais chegará, as utopias se dissolveram na engrenagem alimentada pelo egoismo humano. Portanto não condenem a felicidade fugaz da alcoolemia.
O Drink de Satã é bebido para preencher o espaço-tempo quadridimensional e alavancar outras dimensões que são relatadas nos escritos. Aos poucos o álcool pandemônico vai chegando ao cérebro, invadindo os neurônios. Agora é o senhor da situação, causa pertubações em toda a rede de inspiração. A lógica sai prejudicada, mas existência invertida de Espinosa ganha a imanência do ser. O papel em branco aos poucos vai ganhando palavras em busca de semântica, a isto, chamo de Maxikoan, um projeto de descobrir as entranhas do ser, mesmo que para tal, o ser vai ser destruído. O cientista não difere do religioso, os dois precisam da crença para verem suas maquinas funcionarem. O axioma dá vida no laboratório e a medida que a tese resiste a novos experimentos, mais perto ela está de caducar. Já o religioso vai adaptando o seu dogma no tempo secular, a práxis se impõe, mas a vontade de fugir do thanatos faz da oração o eterno. As ilusões são a saída para o ser humano sublimar - arte, ciência, religião, mito, filosofia são farinhas do mesmo saco.
Heidegger tentou colocar o santo, o cientista, a dona de casa, o presidiário, etc.. dentro do involucro do Ser-Ai-No-Mundo. Esteve certo até ser descoberto o Drink do Satã que possibilita escapar do ser perseguido pela filosofia. Eu só sou porque não sou. Eu só sou homem porque não sou cavalo e só não sou o Daisen de Heidegger porque tomo o Drink de Satã. Então seres humanos comuns que aceitam a capa ideológica do escravismo conceitual e existencial, não fiquem perplexo diante meus escritos. Assim como a eternidade meu método sem método, ou seja, o Maxikoan, também é efêmero. A todos que querem sair do ramerrão do consumo, da oração, da ciência, da filosofia, da hermenêutica - Ofereço meus escritos para a cura definitiva.
PSEUDO-POEMA PARA
TODOS BÊBADOS DA AMÉRICA
TODOS BÊBADOS DA AMÉRICA
EM ESPECIAL:
O figado se arrasta pelos bares da cidade
Garrafas se esvaziam automaticamente no rastro
A existência depende do copo, da botelha e do Álcool
A felicidade é o nível de alcoolemia
Os bares da América nos recebem com orgulho
Para a tristeza de nossas mães...
Navegamos por rios de vômitos
&
Oceanos de loucuras
O vento nos move em direção ao iceberg
Somos funâmbulos sobre o fio da navalha
Um deus pagão nos protege sob o sol de Hemingway
Em nossa sina perdemos a razão...
Nossa batalha é diária
Whisky, vodka, vinho não importa
Somos nossos próprios inimigos
Nas trincheiras de Bukowski
Não temos heróis nem ídolos
Somos iconoclastas que derrubam garrafas
Atores do teatro do absurdo
Personagens sem Script...