domingo, 2 de fevereiro de 2014

BAR BUKOWSKI - Parte 2 - O Existir é o Nada Composto



O Existir é o Nada Composto





O existir é o nada composto

A eternidade é o nada simples

II

O que recebo pelos sentidos não encontro

no reflexo

No sentido imediato...

III

Estou preso ao passado

Nada Flui

O rio congelou

A redoma é eterna

Num amanhecer lúgubre 

III

A catadupa silenciou

Como o pássaro sem primavera

Como a loucura bêbada

Como a veneta tóxica



IV

Não existe mais o céu

As estrelas conspiraram

O sol dormiu nas mutações de Morpheu

Tudo agora é um breu fétido

V

Fiquei perdido nos pântanos de Dante

O último cometa se aproximou

Profecias de Nostradamus 


VI

As sagradas escrituras revelam o apocalipse

Na ceia um prato de lentilhas

&

A cabeça de São João Batista

em bandeja de Prata



VII

Em nome da rosa - O segredo

As gazuas soltaram os demônios

Dou os últimos suspiros

Aves de mau agouro gorjeiam:


Idus Martiae...  Idus Martiae... Idus Martiae..




VII

O metal bruto atravessa meu manto romano

O sangue derrama todas as misérias

No leito da última e terrível noite...

Em breve brindarei com absinto 

Taças de cristais, Baudelaire, Rimbaud

&  porque não?

O diabo...



O DRINK DE SATÃ



Uma garrafa de vinho vagabundo, uma garrafa de guaraná e gelo a vontade - ou como chamo: Drink de Satã.  A ressaca é certa, provavelmente, não levantarei pela manhã. Tomarei ácido acetilsalicílico para amenizar a revolução figadal. Contudo, somando, diminuindo, equacionando, com todas propriedades fundamentais, o saldo é positivo. O resultado é uma felicidade existencial possível, fugaz, mas que permite o pensamento desviar do Thanatos. A felicidade existencial efêmera se diferencia da felicidade das ovelhas massificadas e imitadoras que seguem o padrão ditado pelo mercado, pela religião. Consumir e orar a isto se resume o homem padrão capitalista. Consumir por consumir e esquecer Thanatos. Orar para esquecer o pecado de consumir por consumir - Eis um circulo vicioso que não tem fim. O paraíso jamais chegará, as utopias se dissolveram na engrenagem alimentada pelo egoismo humano. Portanto não condenem a felicidade fugaz da alcoolemia. 



O Drink de Satã é bebido para preencher o espaço-tempo quadridimensional e alavancar outras dimensões que são relatadas nos escritos. Aos poucos o álcool pandemônico vai chegando ao cérebro, invadindo os neurônios. Agora é o senhor da situação, causa pertubações em toda a rede de inspiração. A lógica sai prejudicada, mas existência invertida de Espinosa ganha  a imanência do ser. O papel em branco aos poucos vai ganhando palavras em busca de semântica, a isto, chamo de Maxikoan, um projeto de descobrir as entranhas do ser, mesmo que para tal, o ser vai ser destruído. O cientista não difere do religioso, os dois precisam da crença para verem suas maquinas funcionarem. O axioma dá vida no laboratório e a medida que a tese resiste a novos experimentos, mais perto ela está de caducar. Já o religioso vai adaptando o seu dogma no tempo secular, a práxis se impõe, mas a vontade de fugir do thanatos faz da oração o eterno. As ilusões são a saída para o ser humano sublimar - arte, ciência, religião, mito, filosofia são farinhas do mesmo saco. 




Heidegger tentou colocar o santo, o cientista, a dona de casa, o presidiário, etc.. dentro do involucro do Ser-Ai-No-Mundo. Esteve certo até ser descoberto o Drink do Satã que possibilita escapar do ser perseguido pela filosofia. Eu só sou porque não sou. Eu só sou homem porque não sou cavalo e só não sou o Daisen de Heidegger porque tomo o Drink de Satã. Então seres humanos comuns que aceitam a capa ideológica do escravismo conceitual e existencial, não fiquem perplexo diante meus escritos. Assim como a eternidade meu método sem método, ou seja, o Maxikoan, também é efêmero. A todos que querem sair do ramerrão do consumo, da oração, da ciência, da filosofia, da hermenêutica - Ofereço meus escritos para a cura definitiva.
  





PSEUDO-POEMA PARA 
TODOS BÊBADOS DA AMÉRICA
EM ESPECIAL:






O figado se arrasta pelos bares da cidade

Garrafas se esvaziam automaticamente no rastro

A existência depende do copo, da botelha e do Álcool

A felicidade é o nível de alcoolemia

Os bares da América nos recebem com orgulho

Para a tristeza de nossas mães...






Navegamos por rios de vômitos 


Oceanos de loucuras

O vento nos move em direção ao iceberg 

Somos funâmbulos sobre o fio da navalha 


Um deus pagão nos protege sob o sol de Hemingway

Em nossa sina perdemos a razão...

Nossa batalha é diária

Whisky, vodka, vinho não importa

Somos nossos próprios inimigos

Nas trincheiras de Bukowski 


Não temos heróis nem ídolos

Somos iconoclastas que derrubam garrafas

 Atores do teatro do absurdo

Personagens sem Script...